A gripe aviária tem chamado atenção em todo o Brasil, especialmente após relatos de casos em aves no país. Em um momento em que a população ainda convive com os reflexos da pandemia de COVID-19 e outras doenças como a dengue, a notícia de uma nova gripe que afeta aves pode causar preocupação e até pânico. Pensando nisso, trazemos um conteúdo completo para esclarecer dúvidas sobre a gripe aviária, seu impacto na saúde pública, os sintomas em aves e humanos, as medidas de prevenção, o papel das autoridades sanitárias e os possíveis impactos econômicos. A conversa foi conduzida pela bióloga Priscila Reina, da Fundação de Santo André, que compartilhou informações valiosas para entendermos melhor essa doença.

O que é a gripe aviária e por que ela preocupa?
A gripe aviária, conhecida cientificamente como H5N1, é uma doença viral que afeta principalmente aves, tanto migratórias quanto domesticadas, como as galinhas. Existem diversas variações do vírus influenza, como H1N1, H2N2, H3N2, entre outras, e o H5N1 é uma delas, comum em aves migratórias que vêm do hemisfério norte durante o inverno, podendo trazer o vírus para o Brasil.
Essa gripe chama atenção porque, além de afetar aves, há relatos em outros mamíferos e até casos isolados em humanos que tiveram contato direto com aves infectadas. A preocupação principal reside no potencial de mutação do vírus, que poderia permitir a transmissão entre humanos, algo que ainda não ocorreu.
Por que não devemos entrar em pânico?
Apesar da gravidade potencial, Priscila destaca que não há motivo para pânico neste momento. O Brasil possui uma vigilância sanitária eficiente e um controle microbiológico rigoroso que ajuda a prevenir a propagação de doenças. Até agora, não foi registrado nenhum caso de gripe aviária em humanos no Brasil, apenas em aves.
O controle da doença está a cargo do Ministério da Agricultura e da Vigilância Sanitária, que monitoram os casos suspeitos e tomam medidas rigorosas para conter a disseminação, incluindo o abate e incineração de animais infectados e a desinfecção de granjas e equipamentos.
A galinha e o consumo seguro: é seguro comer frango e ovos?
Uma dúvida frequente que surge com notícias sobre gripe aviária é se o consumo de carne de frango e ovos está seguro. A resposta é sim, desde que os alimentos sejam bem cozidos e manipulados com higiene adequada.
Até o momento, não há nenhum caso no mundo de transmissão do vírus por meio da alimentação. A contaminação ocorre, na maioria dos casos, pelo contato direto com aves infectadas e por inalação de gotículas virais. Portanto, o consumo de frango e ovos não representa risco, desde que os alimentos sejam preparados corretamente.
É importante manter hábitos básicos de higiene, como lavar bem as mãos ao manipular carnes, evitar contaminação cruzada na cozinha e garantir que os alimentos estejam completamente cozidos, pois isso elimina não só o vírus da gripe aviária, mas também outros microrganismos como a salmonela.
O impacto econômico e as medidas nas granjas
O impacto da gripe aviária nas granjas é significativo, tanto do ponto de vista econômico quanto biológico. Quando um animal é diagnosticado com a doença, ele e os demais da granja geralmente precisam ser abatidos para evitar a disseminação do vírus.
Isso representa uma perda econômica considerável para os produtores, além de exigir um rigoroso processo de limpeza e desinfecção para garantir que o vírus não permaneça no ambiente. O Brasil, sendo um dos maiores exportadores mundiais de frango, está atento para que essas medidas garantam a continuidade das exportações, apesar de alguns países terem temporariamente suspendido as importações.
O Ministério da Agricultura estabeleceu um prazo de 28 dias para avaliar se novos casos surgem, após o qual o país poderá ser considerado livre da doença nos animais, o que ajudará na retomada do comércio internacional.
Transmissão da gripe aviária para humanos e grupos de risco
Até o momento, a transmissão da gripe aviária para humanos ocorre somente por contato direto com as aves infectadas. Isso inclui trabalhadores de granjas, que são os principais grupos de risco, apesar de usarem equipamentos de proteção individual (EPIs) como máscaras, botas e roupas especiais para minimizar o risco.
Casos isolados de transmissão para humanos que não trabalham em granjas, por exemplo, pessoas que criam aves em quintais, também foram registrados, evidenciando a importância do cuidado mesmo em ambientes domésticos.
Os sintomas em humanos são graves e semelhantes aos de outras gripes, incluindo febre, dores no corpo, coriza e problemas respiratórios. A taxa de mortalidade é alta, podendo chegar a 50-60%, o que reforça a necessidade de prevenção.

Como diferenciar os sintomas da gripe aviária de outras gripes comuns?
Os sintomas da gripe aviária são parecidos com os de outras influenzas, como a H1N1 e H3N2, e até mesmo com a COVID-19, o que dificulta o diagnóstico apenas pela observação clínica.
É importante destacar que a influenza A (que inclui a H5N1) e a influenza B são vírus comuns que circulam todos os anos, e a vacina contra a gripe disponível no SUS protege contra eles, mas não contra a gripe aviária especificamente.
O sintoma mais marcante da gripe aviária é a síndrome respiratória grave, que pode se manifestar em idosos, crianças pequenas, pessoas imunocomprometidas e pacientes em tratamento oncológico, tornando esses grupos mais vulneráveis.
Vacinação e tratamento: existe vacina para a gripe aviária?
Existe uma vacina para o vírus H5N1, utilizada principalmente em países como a Finlândia para proteger trabalhadores que atuam em granjas. No entanto, essa vacina ainda não é amplamente aplicada à população geral, pois o risco de transmissão entre humanos ainda é muito baixo.
A vacina atual pode não ser a mais eficaz, e há um esforço contínuo para desenvolver vacinas melhores que possam ser usadas caso a gripe aviária se torne uma ameaça maior.
Quanto ao tratamento, não existem antibióticos para vírus, mas medicamentos antivirais como o Tamiflu já foram testados em casos de H5N1, mostrando alguma eficácia. O sistema imunológico é a principal defesa contra infecções virais.
Medidas de prevenção e cuidados para evitar o contágio
Para evitar o contágio, principalmente para os trabalhadores das granjas e pessoas que manipulam aves, o uso correto de EPIs, higienização frequente das mãos e desinfecção dos ambientes são fundamentais.
Além disso, evitar contato com aves mortas ou doentes, e comunicar as autoridades sanitárias caso aviste aves mortas em locais públicos, ajuda a prevenir a disseminação do vírus.
Para a população em geral, manter hábitos de higiene, evitar aglomerações em períodos de surtos e estar em dia com a vacinação contra a gripe comum são medidas importantes para reduzir o risco de infecção e complicações.
Uso de máscara e lições aprendidas com a pandemia
Durante a pandemia de COVID-19, o uso de máscara tornou-se uma prática essencial para conter a transmissão do vírus. Caso a gripe aviária comece a se transmitir entre humanos, é provável que o uso de máscara seja novamente recomendado.
A lição que fica é que, como doenças respiratórias podem se espalhar rapidamente, é fundamental estar preparado e adotar medidas preventivas eficazes para evitar novas pandemias.
Conclusão: Vigilância, informação e responsabilidade
A gripe aviária é uma doença séria que merece atenção, mas que pode ser controlada com vigilância constante, medidas sanitárias rigorosas e informações claras para a população.
É fundamental consumir notícias e informações de fontes confiáveis, evitando o pânico desnecessário e adotando práticas de higiene e prevenção recomendadas pelas autoridades.
Enquanto o vírus não se espalha entre humanos, podemos continuar consumindo carnes e ovos normalmente, sempre atentos às condições de preparo e higiene.
O trabalho conjunto da ciência e do jornalismo é essencial para manter a população informada e preparada para qualquer atualização sobre a gripe aviária e outras doenças emergentes.
Fique atento aos desdobramentos e continue acompanhando as orientações oficiais para proteger a sua saúde e a da sua família.