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QUANTO MAIS FATURO, MAIS ME SINTO OPRIMIDO POR DÍVIDAS E OBRIGAÇÕES. O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA MINHA EMPRESA?

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QUANTO MAIS FATURO, MAIS ME SINTO OPRIMIDO POR DÍVIDAS E OBRIGAÇÕES. O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA MINHA EMPRESA?

por: Anselmo Carrera Maia

Nos últimos anos muitos empresários têm me procurado e colocado a seguinte questão: “Acho que está acontecendo alguma coisa estranha na minha empresa, quanto mais faturo mais me sinto oprimido pela falta de recursos!”. A gestão financeira eficiente do capital de giro é um grande desafio para os empresários. Muitos gestores não se atentam para este item e desconsideram a necessidade da existência de um capital de giro capaz de financiar todo ciclo operacional da organização. O fluxo financeiro de cada organização é muito diferente. Cada segmento apresenta características particulares em relação ao seu fluxo de recebimento. Dependendo da sua operação pode ser longo e incerto. A falta de cuidado na gestão financeira pode inviabilizar o negócio.

Nos últimos anos, esse problema tem se agravado de forma importante. Devido à crise econômica, o despreparo dos empreendedores, que na sua maioria, montam seu negócio sem se preocupar com o capital de giro necessário para sua operação, é muito comum. Os planos de negócios são montados de forma incompleta e não demora muito para a nova organização apresentar problemas financeiros que tornam a operação do negócio impossível. É verdade que as empresas fecham por um conjunto de motivos, porém a questão financeira é sempre muito determinante. Os empreendedores não se preparam para esta fase crítica, e ficam na iminência de deixarem de operar devido à falta de capital de giro e, consequentemente, de liquidez.

Uma empresa líquida é aquela que pode facilmente satisfazer suas obrigações de curto prazo, no vencimento pré-determinado entre as partes (Gitman, 1997). É importante ressaltar que as empresas “quebram” porque apresentam problemas de liquidez o que é óbvio. O relevante nisto tudo é conseguir identificar as razões que levaram a empresa a apresentar este quadro antes que os efeitos desta má gestão sejam irreversíveis.

Quando a empresa tem bom resultado econômico (receitas superiores aos custos e despesas), mesmo assim ela pode apresentar problemas com o fluxo de pagamentos. Se a empresa recebe dos seus clientes com um prazo maior do que o prazo efetivo de pagamento de suas obrigações junto aos fornecedores e colaboradores, isto demonstra um erro no seu fluxo de caixa. Antecipar pagamento antes do recebimento efetivo das vendas é financiar a operação dos seus clientes. Quando não existe capital de giro disponível para financiar esta antecipação à organização tem que levantar este recurso com a rede bancária, e logo o resultado financeiro será negativo, pois terá que pagar juros altos por este recurso antecipado.

Um dos primeiros princípios de gestão financeira é; “Receba antes e Pague depois” outro também muito eficiente é; “Antecipe recebimento e postergue pagamento” .

Agora quando o resultado econômico e o resultado financeiro são negativos a situação fica mais critica ainda. Pois se o negócio não gera sobras de caixa operação se torna inviável (MAIA e GIL, 2002).

Ciclos das organizações

É um grande desafio para os empreendedores conhecerem tantos ciclos:
• Ciclo Econômico: É o tempo médio que a empresa gasta para vender determinadas mercadorias do seu estoque. É o período que o produto fica em estoque. Consideramos aqui a data da aquisição da matéria prima, período de produção até a efetiva venda.
• Ciclo Operacional: É o tempo médio que a empresa gasta desde a aquisição da matéria prima, período de produção, venda e efetivo recebimento. Quanto menor for o ciclo operacional, menor será a dependência da empresa de Capital de Terceiros.
• Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa: É o período que a empresa paga seus fornecedores até o recebimento dos seus clientes. Quanto mais antecipar o pagamento dos fornecedores antes do efetivo recebimento dos seus clientes, terá grandes problemas de liquidez.

Por todas estas questões os empreendedores têm que estar atentos para sua gestão financeira e reconhecer a necessidade de terem um capital de giro suficiente e capaz para financiar todo este ciclo operacional.

Sintomas da falta de liquidez

Na conversa com empresários que estão passando por este problema tenho percebido alguns sintomas característicos desta fase crítica:

  • Pagamento alto de Juros
  • Dívida bancária muito alta
  • Atraso no pagamento de folha e benefícios dos colaboradores
  • Atrasos nos pagamentos dos prestadores de Serviços
  • Fornecedores pagos somente no cartório
  • Impostos a recolher em atraso
  • Imposto retido não recolhido.
  • Utilização de Factoring

Por estes sintomas é claro concluir o diagnóstico. Esta empresa está necessitando rever seu fluxo financeiro, pois nada justifica tantos problemas. Se o negócio não consegue pagar os gastos básicos efetivados na realização das receitas este negócio precisa ser revisto ou fechado.

Podemos concluir que o não reconhecimento da necessidade de uma revisão no seu fluxo de pagamentos levará a empresa para o pior dos mundos: fechamento e descontinuidade. Sem mudança o empreendedor ficará em um constante dilema, pois quanto mais faturar mais vai ter que antecipar os pagamentos e este ciclo nunca termina. É necessário rever o fluxo de caixa e ajustar estes prazos com o principio já citado receba antes e pague depois. Enquanto este ajuste não for realizado os problemas estarão presentes no dia a dia e assim os gestores continuarão apagando os incêndios diários sem o controle do seu negócio e da sua gestão financeira.

Referências Bibliográficas:

GITMAM, L. J. Princípios de Administração Financeira, São Paulo: Harbra, 7ª ed.,1997.

MAIA, A. C. e GIL, A. C. Miopia em Marketing no Segmento Hospitalar do Brasil. O Mundo da Saúde, São Paulo, ano 26. v. 26. n. 2,p. 244-254, Abril/Junho 2002. Anselmo Carrera Maia – (1)


Anselmo Carrera Maia é Administrador; Coordenador MBA Executivo em Controladoria e Finanças do Centro Universitário Adventista – UNASP – Campus São Paulo
anselmo.maia@uol.com.br